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CONTINUO LATIDOAMERICANO

de Performance 2020

Corpografías em Contexto

Em um panorama global de crise geral: social, cultural, politica .... Ainda assim, podemos nos reconhecer, resistir e re-existir..

América Latina é um nome em disputa. Como criar um nome que, de uma vez e ao mesmo tempo, possa nomear o potencial que urge em nossos corpos, diverses, sonhantes e desejantes de criar-nos, criando mundos-conjuntos na terra e suas forças cósmicas? Tudo isso por fora da dominação que se estabelece e naturaliza a partir de um inventado “descobrimento” que tem nos sufocado e amordaçado com seu nacionalismo logo-ego-falo-céntrico, domínios através dos quais aprendemos a nos olhar e nos perder em suas réplicas.

Se este nome emerge desde uma matriz colonizadora de luta pelo controle material e cultural, sobre um amplo território construído com estratégias epistêmicas, ocidentalocêntricas, monoteístas, racistas, patriarcais que justificaram a apropriação de terras, energia humana e riquezas culturais e materiais por meio de empresas genocidas, escravocratas, ecocidas que até hoje seguem nos oprimindo como subjetividades desses territórios, com renovadas tecnologias servis ao perverso projeto necropolítico neoliberal global; o nome América Latina então merece exceção, suspensão ou alteração.

Este CONTINUO  L A T I D O A M E R I C A N O de performance se constitui como uma  CONSTRUÇÃO COLETIVA PLURAL, de AUTONOMIAS SINCRONIZADAS, no sentido de continuidade com o legado de múltiplas memórias. Temos como intenção a sustentação de redes de trabalhos de forma horizontal, mutualista, não centralizadora ou, como um sistema de centros em movimento e auto equilíbrio entre sua imediatez e extensões sensíveis, para contribuir, fortalecer e multiplicar essas tramas e brotos em um diálogo regional aberto às transmutações de fronteiras que a natureza mesma dos afetos alquimiza.

Nos motiva o desejo de conhecer e abraçar o olhar de nosses colegues, aprofundar na reflexão desta disciplina em nossos contextos e a missão de dar maior fluidez e potência aos laços já criados. Nós nos convocamos a conspirar para nos libertar, nos aproximar e nos tornar um organismo atento e expandido, desde as funções ético-poéticas que nos são familiares, com um compromisso de historicidade viva e resistência transformativa em circunstâncias de crises global ambiental, violências patriarcais e brutalidade neoliberal extrema.

Tal aproximação/encontro nos fortalece e permite gestar a diferença de maneira entramada e implementar estratégias de contenção, alertas para ativar mecanismos de cuidado e cura, reconhecendo o intensificar de muitas das realidades atuais nos países do espectro geopolítico que nos abarca. Nos organizamos para participar deste encontro territorial amplo de diversidades performanceras  para con-formar e ativar esta rede hermana de artistas que sempre foi pulsante, sem nome e sustentada por lação de empatia, propósito vital profundo e um desejo de conhecimento e reconhecimento mútuo. Uma rede móvel, mutante, com marcas de encontros, associações momentâneas e rizomáticas que agora se juntam com a vontade de articular uma integração abrangente de e para artistas de performance no espectro simbólico-territorial que re-nomeamos como LATIDOAMÉRICA, incluindo suas diásporas.

Esta construção coletiva se reconhece em experimentação e abertura, como redes de diálogos esperando gerar uma plataforma que se sustente no tempo ao cunhar os ecos e reflexos de quem se sente atraído a fazer parte dela, para propiciar eventos contínuos de trocas, visualização de obras, discursividades e incidentes culturais e relacionais emancipatórios.

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